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"Ainda falta cumprir abril!"~
A polémica sobre a participação da Iniciativa
Liberal na marcha de amanhã trouxe ao de cima um problema muito grave: são
muitos os que não compreendem Abril. Ao longo destes dias tenho recebido
informação sobre várias campanhas promocionais de empresas que se aproveitaram
da data para lucrar, anunciando descontos com o mote da liberdade.
Promoção da Telepizza
Não é a primeira vez que isto acontece, o
mesmo se passa com o pride, com o #BLM, com o movimento feminista e com a
luta ambientalista. As empresas apropriam-se das causas para lucrar e muitas
vezes são elas mesmas o problema contra o qual se está a lutar.
É claro que o conceito de liberdade é suscetível
a diversas interpretações. Pelos vistos para as companhias que referi a
liberdade é poder comprar duas pizzas pelo preço de uma ou pagar menos pela
subscrição a um jornal, mas, uma coisa é clara, não é essa a liberdade que
representa Abril, não é essa a liberdade democrática. A Constituição (também ela
de Abril) é clara neste ponto: A Revolução restituiu aos Portugueses os
direitos e liberdades fundamentais. (Preâmbulo da Constituição da República
Portuguesa). Abril, por ser democrático, tem que ver com as liberdades
fundamentais, não com descontos e saldos.
Porém, tal como afirmado no preâmbulo
da CRP, Abril não é só liberdade. Abril é direitos fundamentais, direitos que
suportem essa liberdade. Abril é a luta por uma base igual, uma base que permita
aos indivíduos o exercício da liberdade. Os Capitães de Abril lutaram pelo
direito fundamental (inegável) à alimentação, à habitação, à educação, à saúde,
não por descontos de dois por um. De que servem descontos a quem não tem casa?
É verdade, a data é vista de várias
formas e isso é legítimo, mas só houve um Abril e afirmá-lo não é querer cunhar
a data com uma ideologia qualquer, é uma questão de factos. Abril foi pela
liberdade sim, mas também por direitos. Abril foi por questões fundamentais e
não por selvas liberais. Abril foi a luta por uma sociedade mais livre, igual e
democrática. A democracia de Abril não é uma qualquer, é aquela que se alicerça
em direitos e liberdades fundamentais, inegáveis, essenciais e garantidos.
Direitos e liberdades que não ficam à mercê do lucro e dos privados. E é por
isso que, mesmo hoje em dia, ainda está por acontecer Abril.
~Zé
Não tendo prazer de conhecer pessoalmente o autor
ResponderEliminarfelicito-o pela muito lúcida análise, e diria mais , a crítica bem expressa
em relação á actual vivencia neste País que se libertou duma ditadura mas
não evoluiu no aspecto educacional e sócio económico
Obrigado!
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