"Sair às ruas como a Ku Klux Klan ameaça não só a segurança das pessoas, mas a ordem constitucional do país"~Mamadou Ba
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No dia 8 deste mês, assistimos à realização de uma marcha à imagem do KKK (Ku Klux Klan) em frente à sede da SOS racismo. Hoje, dia 13, o país acordou com a notícia de que 10 personalidades da luta anti-racista e antifascista receberam ameaças via email exigindo que abandonassem as suas funções e o território nacional, entre os visados estão três deputadas. O grupo que emitiu estas ameaças identifica-se como a Nova Ordem de Avis (NOA) e promete que: "O mês de Agosto será o mês da luta contra os traidores da nação e seus apoiantes. O mês de Agosto será o mês do reerguer nacionalista."
Para os que só agora começaram a prestar atenção, pode parecer que estes incidentes só começaram a ganhar volume nos últimos meses, após o crescimento do movimento #BlackLivesMatter. Porém, o racismo em Portugal é um problema antigo, enraizado na nossa sociedade, presente quer na sua forma mais evidente em casos como o de Bruno Candé, quer de forma mais disfarçada, institucional, por exemplo, na romantização que se faz da época da colonização.
No nosso país, segundo a lei, as ações de carácter racista devem ser condenadas. Como é então possível que o nosso presidente não expresse a mínima reação face a uma marcha como a do dia 8? Também em Portugal estão proibidas associações fascistas e nazis, mas associações neonazis internacionais como a Hammerskin têm associados residentes em Portugal. Para além disso, há anos que acordamos com notícias do surgimento de novas associações fascistas e nacionalistas como a Nova Ordem de Avis, a Nova Ordem Social, etc... Acordámos hoje com as ameaças da Nova Ordem de Avis, ríamos ontem das publicações anti-islâmicas do Partido Nacional Renovador (PNR).
Quanto às ameaças da NOA, a única reação por parte de uma figura política que encontrei foi de André Ventura, mas foi de tal forma infeliz que prefiro não propagar a sua mensagem. Ainda é cedo, as notícias sobre as ameaças começaram a sair ontem à noite, mas espero que o nosso Presidente consiga arranjar um tempinho na sua agenda para dirigir um voto de repúdio a toda a situação. Até agora, o mais recente post de Marcelo no Instagram data de 18 de março, apela aos portugueses para se unirem na luta contra a pandemia, evocando o mesmo espírito nacional que nos guiou gloriosamente ao longo de quase novecentos anos de história.
Os incidentes são muitos e têm vindo a repetir-se, Portugal não é um país com racismo, é um país racista. O fascismo e o nazismo são ilegais, mas ainda estão entre nós. Está nas nossas mãos lutar pela mudança. Não podemos ficar indiferentes!!
~Zé
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