Bolsonaro.


"A primavera brasileira não teve flores pelo caminho, apenas dor. Quem sobreviveu à ditadura militar não deseja que seus vestígios reapareçam."~.
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No Brasil, à luz da pandemia, os fantasmas do passado voltaram, e a ditadura ergue-se, não num futuro próximo, mas no presente.A administração de Jair Bolsonaro tem continuamente subestimado o impacto da pandemia e da sua destruição na vida do povo brasileiro. O vírus foi descrito pelo presidente como apenas uma “gripezinha”. Só os dados de hoje revelam que há mais de meio milhão de casos de COVID-19 no Brasil, e que já morreram 31,309 pessoas.
Admirador do fascismo e da autocracia, Bolsonaro glorifica a ditadura militar (1964-1985), afirmando que permitiu a prosperidade do Brasil. O presidente manifesta-se em apoio aos regimes de Hugo Chávez e Augusto Pinochet, enquanto critica abertamente o regime democrático. Segundo ele, “O erro [da ditadura militar] foi torturar e não matar” (2016). O discurso de Bolsonaro é marcado pela militarização, a austeridade e pelo apelo à diminuição e violação dos direitos LGBT+, das mulheres e dos povos indígenas. Para ele, as declarações dos direitos humanos servem como políticas de “coitadinhos”.
O Bolsonaro tentou destruir os arquivos que relatavam os horrores da ditadura; uma iniciativa para omitir da memória nacional a tirania (uma prática também de Estaline na URSS). Ele promove a censura, a opressão e a banalização da tortura como uma prática legítima. Só em abril de 2020, as operações policiais e os assassinatos cometidos pela polícia nas favelas aumentaram em 28% e 58%, respetivamente.
A glorificação da violência e as medidas de opressão de Bolsonaro estão agora presentes mais do que nunca. No final de maio, o presidente ordenou operações policiais para aprisionar os dissidentes do seu governo. Hoje, Jair detém mais poder do que nunca sobre as forças policias e militares e sobre os media. Isto facilita os seus fins políticos de destruição da democracia e permite que exerça um poder inconcebível sobre a vida pública. Bolsonaro tem tido sucesso em reprimir os seus opositores numa inegável obstrução da justiça.
Numa disputa pelo poder, o presidente nomeou como comandante da polícia federal um dos seus aliados mais próximo, na esperança de acabar com as várias alegações de corrupção feitas contra a sua família. São muitos os membros da família do presidente que exercem funções no governo.
A exploração da Amazónia, o pulmão da terra, serve os interesses privados de uma pequena elite, que capitaliza da sua devastação. NA administração de Bolsonaro, a maior massa florestal é vista apenas como uma indústria. No verão de 2019, o presidente encorajou a desflorestação para a criação de gado. Só em junho desse ano, o grau de destruição da Amazónia aumentou em 88%.
As condições precárias do setor público criam um solo fértil para o florescimento do seu domínio. Em 2019, foram registadas 191 milhões de pessoas a viver em pobreza, compreendendo 32% da população brasileira. 11.5% vivem em pobreza extrema. Estes cidadãos, completamente marginalizados, são privados de condições básicas para garantir a sua sobrevivência. As pessoas vivem aglomeradas, sem acesso a saneamento nem a cuidados de saúde. Estão criadas as condições ideais a propagação do vírus. Os cidadãos estão a ser tratados como dispensáveis e não estão a ser protegidos pelas autoridades. Nas favelas, os G10 (gangues) têm se esforçado para mitigar os efeitos desastrosos da pandemia e os residentes têm criado e implementando programas de quarentena.
O primeiro ministro da Saúde de Bolsonaro, Mandetta, foi despedido devido a divergências no que toca ao combate à pandemia, pois era defensor do isolamento máximo. O Governo divulgou informações falsas sobre a pandemia para reforçar a sua posição face ao isolamento e justificar a  substituição de Mandetta. O seu substituto despediu-se após um mês. O novo ministro não tem experiência na área da saúde, é apenas militar.
São várias as provas de práticas corrupção por parte do presidente que comparecem na destruição do Brasil. Não podemos ignorar a crise humanitária e política que está a decorrer à nossa frente. O Brasil precisa urgentemente de apoio internacional diplomático e financeiro. O futuro é demasiado previsível para continuarmos a ignorar o que se passa, e a pandemia só permitiu a aceleração da agenda de Jair. Convido-vos a educarem-se mais e a denunciar a ditadura que está a ser estabelecida, antes que seja tarde demais. Juntemos nos ao movimento antifa brasileiro! Pelo presente e pelo futuro, gritemos #ELENÃO !!!
~Inês

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