Distopia

"A face mais visível do mundo global é a interdependência económica, resultado do comércio e dos mercados financeiros internacionais. [...] Esta interdependência, ao invés de promover a igualdade, promove a desigualdade, ainda que os seus benefícios sejam consideráveis. O que promove a desigualdade? O investimento estrangeiro em países pobres sob a forma de multinacionais, ao invés de beneficiar o país de acolhimento, explora a mão-de-obra barata ou os seus recursos naturais, transferindo os lucros da sua atividade para outros locais. A distribuição dos lucros do comércio e investimento internacionais dependem do poder negocial dos governos locais que, na maioria das situações é fraco, uma vez que a desigualdade económica provoca desigualdade política. Os governos dos países mais pobres não possuem poder negocial para fazer frente às multinacionais e, muitas vezes, não lhes interessa fazê-lo. Estes governos têm grandes dificuldades em controlar a sua economia uma vez que estas se encontram dependentes do desenvolvimento da economia global que é controlada pelos mais fortes. Por outro lado, os governos locais costumam concentrar os lucros do investimento internacional numa minoria. As multinacionais potenciam a corrupção e a ditadura uma vez que, desta forma, defendem com mais facilidade os seus interesses, pois tais governos não mostram preocupação com a distribuição equitativa dos lucros do investimento internacional." ~Diana Maia tendo por base o trabalho de Charles Beitz.

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