O Caos.

"A desordem é o melhor servidor da ordem estabelecida." ~ Jean-Paul Sartre
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Durante toda a nossa existência debatemo-nos sobre a lógica e o sentido, sobre um ponto que não acaba. Com o surgimento das grandes guerras, o Homem começa a perder toda a visão romantizada e evolucionista da sociedade e esta é substituída por uma visão mais pessimista. No final do século XIX surgem as doutrinas existencialistas, mas é no século XX que vão ganhar força. A violência e a injustiça da guerra fez surgir um sentimento de repulsa e incompreensão dos Homens por si próprios, por isso retiraram todo o tipo de significados que a vida podia ter até aí. Qual é a lógica de nascer para sofrer e morrer? Onde é que está a lógica quando, depois de milhares de anos de evolução da espécie, o Homem continua a ceder tão facilmente aos seus instintos?
Comecei a interessar-me pelo existencialismo quando aos 16 anos li " A Aparição" de Vergílio Ferreira, esta obra veio comprovar crenças que já tinha, mas que antes achava pouco fundamentadas e singulares. Mais tarde já com 18 fui apresentada ao dadaísmo, vanguarda moderna que também apresenta uma repulsa contra a ordem. Com a mesma idade apresentei uma peça de teatro que abordava muito a questão do porquê de tudo ter de ter sentido. Hoje estou rodeada de obras e pensamentos absurdos, como "O Estrangeiro" de Camus e "A Metamorfose" de Kafka, obras obrigatórias no estudo do absurdo. Foi no caos que encontrei paz, o existencialismo, o niilismo e o absurdo trouxeram-me respostas. A procura do sentido enloquecia-me e agora sou feliz a aceitar que é assim porque sim e nada tem um significado concreto e não encontro nada mais belo e mais poético do que isto. Dava e dou por mim a escutar conversas e nelas oiço críticas que só existem por haver uma ordem que eu odeio. Porque é que se julga alguém por não seguir a sociedade, se todos os dias percebemos que a mesma está cheia de falhas? Não encontrei ordem na desordem, encontrei desordem no caos.
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Pintura: Sisyphus
Obra de Franz Stuck publicada em 1920; símbolo da absuridade da existência.
~Matilde

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